Entrevista com a arquiteta Bruna Avena
Por Maria Rodrigues
Você já parou para pensar se o ambiente em que você trabalha, estuda ou vive contribuem e estimulam o seu melhor lado? Parece bobeira, mas este segredo todo está na Neuroarquitetura! Como conta a arquiteta Bruna Avena, “A neuroarquitetura estuda a fundo aspectos como cores, texturas, presença de elementos naturais, iluminação e as respostas fisiológicas que nosso corpo produz, tornando possível o desenvolvimento de ambientes voltados para necessidades e questões específicas, como redução do estresse e ansiedade, aumento da produtividade e criatividade e até mesmo redução da percepção da dor.”
Bruna Avena, arquiteta e urbanista, graduada em 2019 pela Unifacs, optou pelo curso de Arquitetura sem muita expectativa. “O que chega a ser engraçado hoje, depois de pensar em todas as horas que passei na infância e adolescência assistindo “Irmãos à Obra”, “Decora” e outros programas de reforma, sem nem cogitar a possibilidade de me tornar arquiteta no futuro. Mas como era de se esperar, me apaixonei pelo curso”, contou. A descoberta pela neuroarquitetura ocorreu no final de sua graduação, sendo tema do seu trabalho de conclusão de curso e posteriormente indicado ao Prêmio Ópera Prima pela bancada avaliadora. Como forma de aprofundar seu conhecimento na área, a arquiteta estudou por um período na Universidade de Oxford e até hoje estuda sobre conceitos da neuropsicologia para aplicar em seus projetos.
Em entrevista exclusiva para a Quatro Estações, Bruna conta um pouco sobre sua paixão e conhecimento em relação a neuroarquitetura. Acompanhe abaixo:
Quatro Estações: A neuroarquitetura é um campo bastante dinâmico. Poderia nos explicar um pouco mais sobre essa área?
Claro! Nós recebemos estímulos sensoriais o tempo inteiro. Em cada lugar que passamos, somos bombardeados de informações, que são processadas pelo nosso cérebro e geram respostas fisiológicas muitas vezes inconscientes. Um exemplo disso, é o aumento do cortisol (também conhecido como “hormônio do estresse”) no nosso organismo quando estamos passando por ambientes hostis. O oposto acontece quando estamos em ambientes relaxantes, o nível de cortisol diminui e nos sentimos mais calmos e relaxados.
O que torna um ambiente positivo ou negativo são seus diversos aspectos, como cores, texturas, presença de elementos naturais, poluição visual e sonora, iluminação, disposição do mobiliário, dentre outros. A neuroarquitetura estuda a fundo esses aspectos e as respostas fisiológicas que nosso corpo produz para cada um deles, tornando possível o desenvolvimento de ambientes voltados para necessidades e questões específicas, como redução do estresse e ansiedade, aumento da produtividade e criatividade e até mesmo redução da percepção da dor.
Quatro Estações: O que a fez ter interesse pela área?
Acho fascinante a forma como o nosso organismo responde aos estímulos recebidos, e pensar que somos capazes de induzir essas respostas através da arquitetura, me encantou. O centro da arquitetura sempre foi o indivíduo, precisamos pensar nos nossos clientes e no seu bem-estar! A neuroarquitetura é uma ferramenta a mais para fazermos isso com sucesso!
Quatro Estações: As técnicas e as tendências de decoração mudam em projetos focados na neuroarquitetura?
Com certeza! E isso muda muito de acordo com a necessidade de cada cliente também. Se tenho um cliente que sofre de insônia e outro que dorme muito e tem dificuldade de levantar durante a manhã, os projetos serão completamente diferentes, especialmente as cores! Mas algo que é uma constante na neuroarquitetura é o uso de elementos da natureza, que podem surgir de diversas maneiras: plantas, madeira, pedras naturais, estampas de papel de parede e almofadas inspiradas na natureza, tapetes de fibras naturais, fotografias e muitas outras.
Quatro Estações: Quais estampas e cores podemos apostar em papéis de parede e tecidos, por exemplo, para estimular de forma positiva nosso bem-estar?
Cores inspiradas na natureza, especialmente o verde e o azul. Tons pastéis são uma boa aposta, além do azul marinho, verde musgo e terracota! Estampas que tragam lembranças da natureza também são interessantes, eu, particularmente, sou uma grande fã das estampas de William Morris.
Quatro Estações: Quais os maiores desafios que se encontra na neuroarquitetura?
A neuroarquitetura é uma área extremamente multidisciplinar, não dá pra falar de neuroarquitetura apenas em grupo de arquitetos e tenho visto isso com muita frequência, infelizmente! Precisamos interagir com outras áreas, aprender com profissionais da área da saúde, especialmente da neuropsicologia. Essa é uma área que exige muito estudo, para entrar nela, é preciso gostar de estudar, saber filtrar os artigos científicos e atualizar-se continuamente.
Quatro Estações: Fale um pouco como funciona seu serviço de consultorias e projetos arquitetônicos. Como entrar em contato?
Meus pacotes de consultoria são personalizados de acordo com a necessidade de cada cliente, são indicados para quem busca algo mais rápido e sem obra.
Já para aqueles que desejam bancadas novas, revestimentos novos, móveis planejados, além de um projeto de elétrica, iluminação e forro, o ideal é fazer um projeto arquitetônico bem detalhado. Também trabalhamos com projetos arquitetônicos para construção, que para mim são os melhores, pois conseguimos aplicar os conceitos de neuroarquitetura já na planta baixa!
Informações para entrar em contato com Bruna Avena:
E-mail: contato@brunaavena.com
Telefone: (71) 99369-2252
Instagram: @avena.arq
Edifício Mondial
Caminho das árvores
Salvador - BA
Confira algumas fotos (Fotrógrafo Lucas Silva)